64,4% dos brasileiros vivem em famílias em que ninguém tem plano de saúde
Postado dia: 02/12/2020
Seis em cada dez brasileiros vivem em famílias em que nenhum dos membros possui plano de saúde, ou seja, dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) ou pagam diretamente os serviços de saúde - a porcentagem exata é de 64,4%. Na outra ponta, 18,1% dos brasileiros vivem em famílias em que todos possuem plano de saúde. Já outros 17,4% estão em lares onde pelo menos um membro da família tem convênio particular de saúde.
Os dados fazem parte de um relatório da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018, com foco no perfil das despesas no Brasil, divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento foi realizado entre julho de 2017 e julho de 2018 - antes, portanto, da pandemia do novo coronavírus.
No Brasil, todos os cidadãos têm direito assegurado ao atendimento de saúde pelo SUS. Para o IBGE, o fato de 64,4% dos brasileiros viverem em lares em que ninguém tem acesso a um seguro particular de saúde "dá um panorama da importância do SUS para as famílias".
É para essa população que, de acordo com Isabel Martins, pesquisadora do IBGE, "a política pública tem que olhar com mais intensidade". "Doença não é um evento esperado. Às vezes, você acorda doente ou com dor. E nem sempre a pessoa tem poupança ou alguma reserva financeira para utilizar nesse momento", afirma a pesquisadora.
Ela explica que, em momentos de necessidade como esses, as famílias podem vir a ter problemas financeiros ou de estruturas de gasto decorrentes desse evento de saúde. Entre as possibilidades, segundo ela, estão a redução de despesas com alimentação ou o atraso no pagamentos de contas como luz ou gás para realizar a compra de um medicamento. "Se ela tem acesso gratuito a esse medicamento, isso não acontece", pontua.
O relatório do IBGE destaca ainda que "o acesso a seguro privado (plano de saúde) gera uma dupla entrada no sistema de saúde, via pública e privada, o que pode aumentar as disparidades de acesso e, por conseguinte, diferenças no estado de saúde da população".
Fonte: Portal Uol