Terapia de choque: os desafios dos planos de saúde na pandemia
Postado dia: 11/02/2021
Saúde foi o grande tema do último ano. E uma das consequências da pandemia de Covid-19 foi o aumento da procura por planos de saúde, revertendo uma tendência de queda que se arrastava por seis anos. Em 2020, entraram no sistema privado 560.000 novos usuários.
Dessa forma, a cobertura atingiu 47,6 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população. "O importante agora é saber como manter e ampliar essa base de segurados, o grande desafio dos próximos anos", afirma Marcos Novais, superintendente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).
Desde 2014, a prolongada crise econômica e seu impacto no mercado de trabalho fizeram com que muitos dos usuários perdessem seu plano de saúde junto com o emprego 65% dos beneficiários têm planos empresariais.
Ao fim de 2019, o preço médio de um contrato era de R$ 367,76 por usuário, cerca de um terço do salário mínimo. Anualmente, a Agência Nacional de Saúde (ANS) autoriza um aumento de preços dos planos individuais de acordo com a evolução da inflação de produtos e serviços da área médica. Para 2020, o reajuste autorizado foi de 8,14%.
Apesar do crescimento de usuários, a crise causada pelo novo coronavírus teve impacto financeiro nas operadoras, que agora buscam reaver suas perdas. A ANS adiou a correção de 2020 para janeiro deste ano. Muitos dos clientes, além de pagar por essa fatura, terão de arcar com novo aumento, relativo a 2021, ainda este ano. Além disso, terão de acertar os oito meses relativos ao congelamento depreços aplicado no setor durante o ano passado. Se o aumento autorizado para 2021 se mantiver no mesmo ritmo de 2020, esse usuário verá os seus boletos corrigidos em mais de 16%.
Para responder a esses desafios, o setor aposta em fusões e em novos modelos de negócios. Como os planos que têm preços regulados pela ANS são exatamente os voltados para pessoas físicas, as operadoras nos últimos anos gradualmente foram abandonando essas ofertas.
Outras formas de ampliar o lucro são a telemedicina e o modelo de coparticipação, em que os clientes pagam parte da conta médica. Tais estratégias são a aposta para as 345 cooperativas médicas da Unimed espalhadas pelo Brasil baixarem os preços dos planos para enfrentar os novos concorrentes e um mercado mais consolidado.
Fonte: https://veja.abril.com.br/economia/terapia-de-choque-os-desafios-dos-planos-de-saude-na-pandemia/